Andreani - Logística

O aumento contínuo no custo de medicamentos hospitalares tem colocado as distribuidoras especializadas em uma situação crítica.
Com margens cada vez mais apertadas e desequilíbrio entre prazos de pagamento e recebimento, o setor enfrenta um risco real de desabastecimento nas instituições de saúde, como hospitais, clínicas e ambulatórios.
A ABRADIMEX (Associação Brasileira de Distribuidores de Medicamentos Especializados, Excepcionais e Hospitalares), com base em estudo da Deloitte, alerta para o cenário preocupante. Nos últimos anos, houve um crescimento expressivo no volume de dívidas a receber por parte das distribuidoras. Esse movimento tem impactado diretamente a margem líquida, que apresentou queda de 48% no período analisado.
Além disso, os atrasos nos repasses dos hospitais agravam a situação. Enquanto os laboratórios farmacêuticos estipulam prazos médios de pagamento de 42 dias, as instituições hospitalares demoram cerca de 75 dias — podendo se estender ainda mais, dependendo do consumo do estoque. Essa inadimplência no canal hospitalar faz com que as distribuidoras arquem com a operação, utilizando recursos próprios por até 100 dias.
“Temos bancado essa diferença para garantir o acesso dos pacientes à medicação. Mas esse cenário é uma bomba-relógio”, afirma Paulo Maia, presidente-executivo da ABRADIMEX. A entidade busca junto à indústria farmacêutica acordos que ampliem os prazos de pagamento, como forma de aliviar o fluxo de caixa das distribuidoras.
Outro ponto de atenção é a reforma tributária em curso, que deve trazer impacto direto ao modelo de negócios dessas empresas. A revisão dos incentivos fiscais e a definição de novas alíquotas por estado podem inviabilizar a atuação em determinadas regiões, o que agrava ainda mais o risco de desabastecimento hospitalar no Brasil.
No comparativo de desempenho, o setor de distribuição apresenta um EBITDA médio bem inferior ao de hospitais e indústrias farmacêuticas: 5,5% contra 11,8% e 23,1%, respectivamente. Essa diferença acende um alerta sobre a sustentabilidade econômica do setor, fundamental para a cadeia logística da saúde.
As distribuidoras reforçam que, sem uma política de equilíbrio e suporte, a continuidade dos serviços pode ser comprometida, prejudicando o acesso da população aos medicamentos, especialmente em regiões mais vulneráveis.
Fonte: Portal Panorama Farmacêutico