Andreani - Logística

A logística internacional passa por constantes transformações, impulsionadas por avanços tecnológicos, estratégias operacionais e oscilações na economia global.
Um dos indicadores mais relevantes para entender o comportamento da movimentação de cargas em contêineres é a chamada taxa TEU/CNTR — que representa o número total de TEUs movimentados dividido pelo total de contêineres físicos utilizados.
Essa métrica revela a proporção entre contêineres de 20 e 40 pés, apontando para tendências de uso que afetam diretamente a eficiência logística e as práticas comerciais nos principais portos brasileiros.
Evolução da taxa TEU/CNTR: o crescimento dos contêineres de 40 pés
Analisando os dados da Autoridade Portuária de Santos, é possível observar uma mudança expressiva no perfil das cargas. Em 2005, pouco menos da metade dos contêineres utilizados na importação eram de 40 pés, com uma taxa TEU/CNTR de 1,47. Duas décadas depois, esse número ultrapassa 1,73, indicando que mais de 70% dos contêineres movimentados atualmente são de 40 pés.
Esse crescimento não é acidental: ele reflete um padrão consolidado de uso logístico, motivado por características de carga, redução de custos e melhor aproveitamento operacional.
Impactos do comércio exterior e da movimentação portuária
Entre 2019 e 2024, a corrente de comércio brasileira passou por oscilações significativas. A queda registrada em 2020 (US$ 367,9 bilhões) foi seguida por uma rápida recuperação, superando a marca dos US$ 600 bilhões em 2022. Em 2024, o volume comercializado atingiu US$ 599,9 bilhões, com destaque para o crescimento na movimentação no Porto de Santos, que responde por aproximadamente 34,8% da atividade nacional.
Essa expansão está diretamente ligada à demanda por contêineres de 40 pés, que oferecem vantagens para cargas mais volumosas e com maior valor agregado.
Eficiência com reaproveitamento de contêineres vazios (matchback)
Uma prática cada vez mais comum nas operações portuárias é o reaproveitamento de contêineres vazios, também conhecido como matchback. A estratégia consiste em utilizar o mesmo contêiner que chegou ao porto com importações para realizar a exportação, reduzindo custos com reposicionamento de equipamentos e otimizando o fluxo logístico.
Segundo dados do Mobilidade Estadão, essa prática pode gerar economia de até 40% no frete de retorno, tornando-se uma solução inteligente para empresas que operam em grandes volumes.
Características da carga influenciam o tipo de contêiner
A escolha entre contêineres de 20 e 40 pés depende diretamente das características físicas e do valor das cargas. Produtos volumosos e leves — como eletrônicos, equipamentos industriais e têxteis — são geralmente transportados em contêineres de 40 pés, que oferecem mais espaço sem ultrapassar o limite de peso (30 toneladas).
Já cargas densas e pesadas — como minérios, fertilizantes e produtos agrícolas ensacados — são mais apropriadas para contêineres de 20 pés, pois otimizam a utilização do peso máximo permitido.
Esse equilíbrio técnico torna os contêineres de 40 pés a melhor opção para cargas de alto valor agregado, enquanto os de 20 pés permanecem importantes para mercadorias com alta densidade e menor valor por unidade de volume.
A taxa TEU/CNTR como indicador estratégico
A taxa TEU/CNTR, além de indicar a proporção de contêineres utilizados, é um reflexo direto da sofisticação das cadeias logísticas e da evolução do perfil das mercadorias movimentadas. A tendência de aumento da taxa nos últimos anos confirma o crescimento de setores com elevado valor tecnológico e logístico, impulsionando a demanda por soluções eficientes e integradas de transporte.
Com base em projeções até 2026, a expectativa é que a taxa continue evoluindo, acompanhando a modernização da infraestrutura portuária, o avanço do comércio exterior e a busca contínua por maior eficiência operacional.
Fonte: Portal Mundo Logística